Introdução aos estudos

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS

 

 

O Termo História

            O vocábulo História nasceu na Grécia Antiga e significa “investigação”. Foi o grego Heródoto, considerado ‘O Pai da História’, que, pela primeira vez, empregou esta palavra com o sentido de investigação do passado.

 

Conceitos de História

            Não existe um conceito único, pronto e acabado, que seja imutável; mas sim, várias formas de conceituar a História.

            Nas recentes definições, a História é vista como uma ciência que estuda o passado da humanidade para compreender o presente e ajudar a transformar o futuro.

            O estudo do passado humano nos permite conhecer as motivações e os efeitos das transformações pelas quais passou a humanidade e nos fornecem elementos que ajudam a explicar as sociedades atuais.

           

As Fontes Históricas e as Ciências Auxiliares

            O trabalho do Historiador consiste em interpretar os Fatos Históricos ou as experiências humanas, por meio da análise de registros que foram deixados por uma sociedade em um determinado tempo e local.

            As Fontes Históricas são Todos os elementos deixados pelo homem e que nos permitem o conhecimento dos acontecimentos históricos.

            As Fontes Históricas podem ser divididas em: Arqueológicas, escritas e orais.

            Fontes Históricas Arqueológicas: Vestígios da presença humana em material variado, geralmente, não intencional. Exs: Restos de animais, utensílios, fósseis, instrumentos, armas, construções etc.

            Fontes Históricas Escritas: Traços escritos em material variado (papiro, pedra, papel etc), geralmente intencional. De acordo com a intencionalidade. Os traços descritos podem ser: Fontes de Arquivo: Se a intenção foi comprovar alguma coisa; Fontes Literárias: Possui a intenção de informar aos contemporâneos e ä posteridade alguma coisa, mas não de comprovar.

            Fontes Históricas Orais: São os traços que têm a intenção de informar, mas não possuem um material de transmissão.

            Na construção do saber histórico são utilizados conhecimentos de diversas outras áreas do saber humano. As relações interdisciplinares são fundamentais. Toda ciência que de alguma forma auxilia na construção do saber histórico pode ser considerada uma Ciência Auxiliar da História. São exemplos destes saberes: A Paleografia, a Numismática, a Arqueologia, a Sociologia, a Geografia etc.

 

O Fato Histórico

            A matéria-prima da História são os Fatos Históricos. Conceitualmente, o Fato Histórico é o acontecimento que modifica e transforma a realidade social.

            São características do Fato Histórico: Singularidade: O Fato Histórico não se repete, é único; Complexidade: O Fato Histórico possui várias causas; Irreversibilidade: O Fato Histórico não pode ser modificado; Temporabilidade : O Fato Histórico é fruto de seu tempo;Traz sempre conseqüências;Certeza e Demonstrabilidade , pois através das Fontes Históricas se tem o conhecimento Histórico.

 

As Divisões do Processo Histórico (Periodização da História)

 

            O Processo Histórico é continuou. Porém, para facilitar seu estudo, os historiadores, ao longo do tempo, utilizaram várias divisões. Todas como recursos meramente didáticos.

            Hoje, a divisão mais utilizada, embora bastante criticada é a seguinte :

 

Período Histórico

Marco Inicial

Marco Final

Modo de Produção

Características

 

 

Pré-História

 

 

Surgimento do Homem

(variável)

 

 

Invenção da Escrita

4000 a.C

 

 

Coletivista ou Comunal Primitivo

Coletivismos; Divisão Natural do trabalho; Propriedade individual das armas e utensílios; Propriedade coletiva da terra; Sociedades sem classes sociais.

 

Idade Antiga

 

Invenção da Escrita

4000 a.C

Queda de Roma

476 d.C

A Idade Antiga é subdividida em Idade Antiga Oriental e Idade Antiga Ocidental.

 

 

Antiguidade Oriental

 

 

 

Asiático ou Despótico-Tributário

Civilizações Hidráulicas; Servidão Coletiva de Camponeses e Escravos; Impérios Teocráticos de Regadio; Obras Públicas

 

Antiguidade Ocidental ou Clássica

 

 

 

Escravista

Escravos exercendo todas as atividades, inclusive as intelectuais; Propriedade Privada da terra; Escravismo.

 

 

Idade Média

 

 

Queda de Roma

476 d.C

 

 

Queda de Constantinopla

1453 d.C

 

 

Feudal

Terra como principal riqueza; Servo como principal trabalhador; Feudo como principal unidade produtora; Cultura Teocêntrica.

 

Idade Moderna

Queda de Constantinopla

1453

Revolução Francesa

1789

Sem Modo de Produção específico

Transição Feudalismo/Capitalismo

 

Idade Contemporânea

 

Revolução Francesa

1789

-

Dias atuais

 

Capitalista

Propriedade Privada dos Meios de Produção; Trabalho Assalariado.

 

O Tempo Histórico

 

            Ao trabalhar com as Fontes Históricas, o historiador lida, além do espaço com o tempo. O tempo histórico nem sempre corresponde ao tempo cronológico. Não há um avanço implacável para o futuro. A contagem do tempo não é igual para todas as sociedades. Existem diferentes calendários, que variam de acordo com a crença, a cultura e os costumes de cada povo.

            Nas sociedades cristãs, o tempo possui como marco inicial para sua contagem o Nascimento de Cristo, considerado o ano 1; as datas anteriores ao Nascimento de Cristo recebem, obrigatoriamente, a abreviatura a.C.(antes de Cristo) e são decrescentes; as datas posteriores ao Nascimento de Cristo podem ou não receber a abreviatura d.C (depois de Cristo) e são contadas em ordem crescente. Nosso calendário é solar e pode ser chamado Cristão Ocidental ou Gregoriano.  

 

Agente Histórico

 

            A História é um processo onde todos os homens são agentes das constantes transformações. Somos senhores da História, autores e transformadores.

 

OBJETO DA HISTÓRIA: O Homem  ( homens, mulheres e crianças )

 

HISTÓRIA:   como instrumento para a ciência e tecnologia. 

 

SÉCULOS

 

ANO                                                       SÉCULO

 

1 a 100 .......................................................... I = 1

101 a 200 ...................................................... II = 2

201 a 300 ...................................................... III = 3

301 a 400 ...................................................... IV = 4

401 a 500 ......................................................  V = 5

 

501 a 600 ...................................................... VI = 6

601 a 700 ...................................................... VII = 7

701 a 800 ......................................................  VIII = 8

801 a 900 ......................................................  IX = 9

901 a 1000 ....................................................  X = 10

 

1001 a 1100 ..................................................  XI = 11

1101 a 1200 ..................................................  XII = 12

1201 a 1300 ..................................................  XIII = 13

1301 a 1400 ..................................................  XIV = 14

1401 a 1500 ..................................................   XV  = 15

 

1501 a 1600 ..................................................  XVI = 16

1601 a 1700 ..................................................  XVII = 17

1701 a 1800 ..................................................  XVIII = 18

1801 a 1900 ..................................................  XIX = 19

1901 a 2000 ..................................................  XX = 20

2001 a ...........................................................  XXI = 21

 

A ESCOLA DOS ANNALES

 

A "Escola dos Annales" foi um movimento inovador que surgiu na França, no século XX, dando origem ao que conhecemos hoje de Nova História. Tudo começou com a criação da revista Annales em 1929 por Marc Block e Lucien Febvre, a qual tinha como público alvo os grandes estudiosos das ciências sociais, a exemplo dos historiadores, sociólogos, antropólogos, geógrafos, etc. Embora tenha surgido na França o movimento dos Annales conseguiu, ao longo do século XX, expandir-se por todo o mundo adquirindo novos adeptos, os quais iriam contribuir para o crescimento dessa nova abordagem historiografia. propunha-se a ir além da visão positivista da história como crônica de acontecimentos (histoire événementielle), substituindo o tempo breve da história dos acontecimentos pelos processos de longa duração, com o objetivo de tornar inteligíveis a civilização e as "mentalidades

 

Defini-se como nova história a história sobre influência das ciências sociais e não mais sobre a influência das ciências naturais, isto é, até o surgimento dos Annales a história tradicional regia-se pela metodologia positiva, inspirada nas ciências naturais. As críticas aos historiadores tradicionalistas eram ferrenhas, em especial por parte dos sociólogos durkheimianos entre outros.a criação da Escola dos Annales conduziu a ciência histórica francesa a uma reestruturação, a adoção de nova metodologia e concepções, e por correlação aos demais historiadores europeus e americanos. Os Annales veio a abrir os caminhos para a evolução das divisas fases da vigente ciência histórica.É neste contexto que MARTIN, Hervé e BOURDÉ, Guy afirma o seguinte:

 

"'Depois da fundação dos Annales…, o historiador quis-se e fez-se economista, antropólogo, demógrafo, psicólogo, lingüista… A História é, se se pode dizer, um dos ofícios menos estruturados da ciência social, portanto um dos mais flexíveis, dos mais abertos… A História continuou, dentro desta mesma linha, a alimentar-se das outras ciências do homem… há um história econômica…, uma maravilhosa história geográfica…, uma demografia histórica…; há mesmo uma história social… Mas se a história omnipresente põe em causa o social no seu todo, é sempre a partir deste movimento do tempo… A História dialética da duração… é o estudo do social, de todo o social; e portanto do passado e portando também do presente". (MARTIN, 2000, p. 131)

 

A escola des Annales renovou e ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo da História para o estudo de atividades humanas até então pouco investigadas, rompendo com a compartimentação das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia, Geografia humana e assim por diante) e privilegiando os métodos pluridisciplinares.

 

Em geral, divide-se a trajetória da escola em quatro fases: